Iderval Miranda
Biografia
Iderval Miranda nasceu em Feira de Santana-Ba, em novembro de 1949. Formado em Letras pela Universidade de Feira de Santana, participa da Revista Hera (poesia), desde os seus primeiros números. Tem contos, poemas e artigos publicados em diversos jornais e revistas nacionais. É autor dos livros Festa e funeral (Coleção dos Novos, 1982), e O azul e o nada (Edições Cordel, 1987). Professor de língua portuguesa da Universidade Estadual de Feira de Santana, faz atualmente mestrado em lingüística na Universidade de Brasília.
Do Amor e da Loucura
I
diz-se o amor,
o divino
em sua proximidade.
a loucura,
ele mesmo
em sua simplicidade.
juntos,
ainda ele em sua totalidade.
II
o simples traço fará desvendar
o desespero contido no coração
de quem se quer prazer e dor.
e este corpo de mulher
dilacerado pela recusa incontida
do não?
basta, que venha o longe
e eterna seja a carne,
catedral de prazer e dor.
III
buscar o amor
em claro dia
é vã tentativa.
ao longe,
um brilho na escuridão
da tormentosa noite.
adiante,
além do obscuro
do obscuro.
IV
pois o obscuro
revela-se num rosto de mulher.
e quem
loucamente ama o longe
verá o um
eternizado em amor e gozo.
pois o um
revela-se no rosto do um.
V
pois que tudo seja
vanidade e absinto,
o nada será sempre o nada
e o longe findará aqui, dentro de nós.
e esta busca insensata,
quando terá fim?
VI
terás a argila como princesa
e no vergel dos desesperados
serás o fruto maior.
é certo que tudo é um
e mesmo assim,
ante ele, serás o outro.
e o amor mostrará sua face
em forma de mulher e sonho,
e terás o fogo, a paixão e o prazer
não a felicidade,
pois tu és tu,
outro um ante o um.
VII
(desperto pela guitarra do morto)
o prazer
é um.
(ao lado da mulher amada)
o prazer
é um.
(ante a última deidade)
o prazer
é um.
- o prazer é um -
(ainda assim)
o prazer
é um.
VIII
e eis o corpo
do longe e longe
ainda.
e quem mais,
pois o tudo lembrar
é apenas renegar-se.
e esta sombra
do longe e longe
ainda?
IX
e eis que meus sonhos
nomeiam teu corpo
a diluir-se em bruma, névoa
e nada
X
clara paisagem do nada
tu dirás
longe longe longe
mulher
deserto e desespero.
http://www.revista.agulha.nom.br/ide02.html
Biografia
Iderval Miranda nasceu em Feira de Santana-Ba, em novembro de 1949. Formado em Letras pela Universidade de Feira de Santana, participa da Revista Hera (poesia), desde os seus primeiros números. Tem contos, poemas e artigos publicados em diversos jornais e revistas nacionais. É autor dos livros Festa e funeral (Coleção dos Novos, 1982), e O azul e o nada (Edições Cordel, 1987). Professor de língua portuguesa da Universidade Estadual de Feira de Santana, faz atualmente mestrado em lingüística na Universidade de Brasília.
Do Amor e da Loucura
I
diz-se o amor,
o divino
em sua proximidade.
a loucura,
ele mesmo
em sua simplicidade.
juntos,
ainda ele em sua totalidade.
II
o simples traço fará desvendar
o desespero contido no coração
de quem se quer prazer e dor.
e este corpo de mulher
dilacerado pela recusa incontida
do não?
basta, que venha o longe
e eterna seja a carne,
catedral de prazer e dor.
III
buscar o amor
em claro dia
é vã tentativa.
ao longe,
um brilho na escuridão
da tormentosa noite.
adiante,
além do obscuro
do obscuro.
IV
pois o obscuro
revela-se num rosto de mulher.
e quem
loucamente ama o longe
verá o um
eternizado em amor e gozo.
pois o um
revela-se no rosto do um.
V
pois que tudo seja
vanidade e absinto,
o nada será sempre o nada
e o longe findará aqui, dentro de nós.
e esta busca insensata,
quando terá fim?
VI
terás a argila como princesa
e no vergel dos desesperados
serás o fruto maior.
é certo que tudo é um
e mesmo assim,
ante ele, serás o outro.
e o amor mostrará sua face
em forma de mulher e sonho,
e terás o fogo, a paixão e o prazer
não a felicidade,
pois tu és tu,
outro um ante o um.
VII
(desperto pela guitarra do morto)
o prazer
é um.
(ao lado da mulher amada)
o prazer
é um.
(ante a última deidade)
o prazer
é um.
- o prazer é um -
(ainda assim)
o prazer
é um.
VIII
e eis o corpo
do longe e longe
ainda.
e quem mais,
pois o tudo lembrar
é apenas renegar-se.
e esta sombra
do longe e longe
ainda?
IX
e eis que meus sonhos
nomeiam teu corpo
a diluir-se em bruma, névoa
e nada
X
clara paisagem do nada
tu dirás
longe longe longe
mulher
deserto e desespero.
http://www.revista.agulha.nom.br/ide02.html
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