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mercoledì 9 maggio 2012

Klébi Nori

A compositora e cantora paulistana viu efetivada sua carreira em 1995 quando começou a colher os louros por sua performance artística no 1º CD “Klébi” – produzido por José Carlos Costa Netto – Dabliu Discos. Este trabalho emplacou canções que são obrigatórias em seus roteiros e shows atuais como: “Calendário Lunar”, “Ligeiro” e “Salve linda canção sem esperança”, aliás, nesta, uma inspirada interpretação para a pérola do negro gato Luiz Melodia.
Klébi e Costa Netto entregaram os arranjos às mãos de três grupos de músicos, que viveram um contexto inusitado: a dupla Fernando Melo e Luiz Bueno, sofisticados violonistas que compõem o Duofel; o swingueiro Skova e sua trupe, aquele mesmo da Máfia e os que fizeram a liga disso tudo, por já trabalharem há anos com a cantora: José Antônio Almeida e Ney Marques, que se tornariam seus parceiros e produtores nos dias atuais. O resultado da aventura era esperado – o melhor da compositora em exposição.
Contratada em 1997, pela gravadora Velas, faria seus dois próximos álbuns: o 2º - “Ilusão das Pedras” produzido pelos, até então pouco articulados porém, já avisando para o que viriam, João Marcello Boscoli e Max de Castro e, dois anos depois, o CD “Escolhas” que teria produção/arranjos assinados pelo Premeditando o Breque Mario Manga e pelo conceituado músico e compositor Swami Jr.
O contemporâneo “Ilusão das Pedras” estava de fato anos-luz à frente de seu tempo, ou seja, já era eletrônico e misturava às varias faixas de sampler e sequencer, a percussão do emergente Marcos Suzano e o diferencial acordeom de Dominguinhos. De cabo a rabo, o mais curto dos álbuns de Klébi e, isto, pareceu o suficiente, entendido por João Marcello e Max, para o momento dela com forte repertório autoral, destaque para “Céu de Antenas”, “Primeiro” e “Tem quem não”. O CD poderia ser lançado nos dias de hoje que ninguém iria supor que já teria idade para ler e escrever sua própria história.
O 3ºCD “Escolhas” – 1999 nasceu eclético e descontraído. Klébi grava seu primeiro samba: “O samba de Sampa” numa época em que cantora de sua praia não gravava esse gênero, ou seja, arrojando novamente, se abrindo à diversidade de suas composições e nada presa ao padrão de comportamento vigente, lançava um CD rico em letras e, desta vez, com mais guitarras, violões e cordas. Os arranjos dilataram a veia urbana de Klébi em "Eu sou Paulista” e “A cidade de Outro”, mas não deixaram se perder sem lirismo suas experiências regionalistas na bucólica “Pé de Amor”. Tudo se mostra de forma a desfilar as canções, ora justapostas, ora simplesmente reunidas numa sólida unidade.
Saindo da gravadora Velas, Klébi fica seis anos sem gravar, mas a hibernação lhe garantiu o bendito fruto “Inverno de seu jardim” – 2005 - DNZ Music – o 4º CD pela nova gravadora paulista, que estava sendo construída pelos lá atrás citados José Antônio Almeida e Ney Marques, além de um velho amigo e músico - Dadi Amil. A chegada deste álbum ampliou seu rol de admiração entre críticos e público espalhados pelo Brasil.
A experiência dos anos com Klébi deu a José Antônio a chave para abertura de mais um cofre pessoal da artista pinçando novas e antigas canções de letras vigorosas e exibindo uma compositora mais empenhada com o setor melódico e harmônico, como é o caso da bossa “Quatro ventos”.
O CD conta com a participação do amigo de adolescência – Roger - do Ultraje a Rigor numa surpreendente interpretação na balada quase romântica – “Tempo em Comum”, e com um brilhante momento incidental de “Janelas Abertas nº 2” de Caetano Veloso, com Osvaldinho do Acordeom bandoneando uma espécie de tango em “Família vende Tudo”. O restante é só coisa boa para os ouvidos e para a alma e como Klébi mesma diz em “Choro pela cidade”: ”não sei o que você ouve, só sei que eu gostaria é que fosse bom”.
"Daqui” rompe 2008 com a mesma DNZ music, desta feita com distribuição da Atração Fonográfica/Brazil Música e apoiado pela Costa Cruzeiros, tendo esta última, conferido ao 5º álbum, o requinte merecido.
Com este corajoso título, lá vem Klébi Nori insuflando a coronária de seu trabalho, massageando sua espinha dorsal artística. São Paulo - em outras tantas e belas palavras - comparece mais uma vez, mesmo que, desta vez, Klébi só lhe pegue emprestado alguns minutos em “Corcovado sem seu Senhor” e “ A última cidade do seu mapa”. A primeira infringindo com muito bom humor as leis de paz entre paulistas e cariocas e, a segunda, declarando seu geográfico auto-exílio.
José Antônio Almeida intensifica valores harmônicos e melódicos e, ao mesmo tempo, simplifica para a modernidade; assim, só atualiza e efetiva a força das composições de Klébi, como ouvimos em “Meu” e “Perdão com poesia”.
A cantora vai, também, além de suas próprias fronteiras. Com a sua habilidade congênita para lidar com os significados, a irreverência e o método, ejeta este seu 5º CD para muito depois daqui.
Voz e metrópole
Contralto charmosa que, também, se impõem em notas mais agudas, parece ter estudado muito o que, segundo a própria artista, é lenda, pois, sua vivência vocal foi feita de puro, livre, paulatino e natural crescimento: “às vezes, se aprende a cantar por instinto ou osmose, ouvindo os outros cantarem ou cantando com eles, mesmo sem abrirmos a nossa boca”
Nascida no bairro do Ipiranga, na capital de São Paulo, o que lhe causa um efeito orgulhoso, a cantora não carrega o sotaque do Brás ou da Mooca, mas não foi poupada dos fortes “erres”.
Diz que nunca conviveu bem com o crescimento desordenado destruidor da história e patrimônio da cidade e que “desenvolvimento é igual a bom senso”. Mesmo aberta a um mar de possibilidades criativas, talvez seja - esta compositora - a representante da cidade, que mais dedicou obras ao panorama paulista, que vai de nomes de ruas, obras de arte, rios, imigração, escolas de samba, times de futebol, metrô, torres, até famosos e anônimos que viram personagens das canções.
Trilhou o caminho que muitos trilharam – bares e festivais, no entanto, optou pelo que muitos não optaram – São Paulo. Isto a afastou dos desejos da corte carioca, por exemplo.
Contemporânea da vanguarda paulista viu seu trabalho se expandir para além do chamado circuito cultural da cidade. Letrista de mão e mente cheias, une técnica e emoção mantidas em CDs autorais.
A sua São Paulo não foi e nem será a cidade daqueles vanguardistas, embora os que nela se fazem e se refazem tenham como característica, quem sabe destino, a consciência urbana influenciando sua escrita sucinta, direta, no alvo, mesmo quando seus versos pareçam complexos.
Cultuando seu trabalho, teve produtores muito especiais na cena paulista que foram, de certa forma, pioneiros ou expoentes de gerações, tendências e movimentos. Costa Netto com sua artesã Dabliú Discos (CD Klébi); João Marcello Boscoli/Max de Castro que se tornariam figuras condutoras de uma visão de música mais dinâmica e moderna (CD Ilusão das Pedras);
Mário Manga/Swami Jr.(CD Escolhas) inquietos mosqueteiros que não trabalham hoje só com a irreverência, mergulham fundo no que diz respeito à boa música e José A. Almeida que - apostando numa pequena gravadora na capital - conseguiu produzir CDs impecáveis (Inverno do seu Jardim e Daqui) respeitando os valores da artista.
O que por outro lado, às vezes, distancia Klébi Nori da epopéia paulista é o fato de suas avenidas barulhentas, iluminadas e congestionadas, esconderem-se por entre uma névoa que produz só vazio e silêncio, onde impregnação emocional se sobrepõe à estrutura de idéias rígidas e retornam simples e com fluidez aos caminhos e aos ciclos das paixões.
O surpreendente mesmo é que esta temática, nada casual, não a impede de ser condecorada e ovacionada em cidades como Recife, Natal, Brasília e outras, onde seu trabalho há muito, já se tornou conhecido e - esta descentralização - faz da compositora, que teve seus CDs confeccionados por gravadoras pequenas, o que por sua vez implicou em muita ginástica mental e física, uma campeã de CDs vendidos em shows quando artistas, em seu patamar, nem ainda podiam produzir seus discos em casa.
Consegue deslizar por seu caminho sendo executada em rádios do seguimento por todo o território. Tudo começou com “Ligeiro” na jamais esquecida Musical FM, exclusivamente nacional, a queridinha dos ouvintes da boa música brasileira nos anos noventa e tem prosseguimento nos dias de hoje através de outras do mesmo gênero como a Nova Brasil FM, Alpha FM, USP entre outras regionais.
Seus shows solo ou com banda estão sempre lotados de fãs, bomba redes sociais, responde simpática a todo público e dá autógrafos carinhosíssimos.
Além do circuito habitual de shows por casas noturnas e teatros, fez temporada e lançamento de CDs inusitados a bordo de navios da Costa Cruzeiros, bem como soltou sua voz pela Europa em apresentações pela Áustria, Itália e Portugal.
É uma artista que está sempre em noite de gala mesmo quando no palco veste jeans. Traduz perfeitamente o espírito do que mais gosta em sua cidade – elegância. Fora do palco não é vista em baladas noturnas, pois diz gostar demais do dia e se “agendar para boas noites de sono”.
O retrato da artista quando ela mesma
Deixou-se fotografar para todos os CDs por profissionais que bem souberam explorar sua sutil beleza nada roubada e sim, presenteada por seus ascendentes italianos.
Foi, assim, recostada em uma grande janela em frente a uma das torres paulistas com pernas à mostra no CD “Klébi” e, no mesmo encarte, saindo de um carro num corpete de cetim inesquecível aos olhos dos fãs. No caprichoso Ilusão das Pedras, apareceu com um coque displicente sentada numa calçada e, com o corte das longas madeixas em Escolhas, ao contrário de perder as forças, redobrou energia.
Em “Inverno do seu Jardim” esbanja seu rosto anguloso, nariz e olhar de neta de imigrantes italianos numa feição que sempre instruiu algo. Quem vira o CD nas mãos, se depara com o caminhar de Klébi, que segura o case de seu instrumento - violão; dois parceiros, que seja para aonde estiverem indo, estarão esbanjando certamente a sedução e a estética da arte proposta.
Já em “Daqui”, abre o sorriso na capa e, de brinde, oferece uma foto de quando era criança já tocando violão. Novamente vestida pela grife Madame X, estonteia num vermelho impiedoso que passeia pelo encarte deixando por sorte, de sobra, por música que se ouve, pernas e colo a escolher.
Eugênio Brandimarte


http://www.klebinori.com.br


http://www.youtube.com/watch?v=DoZ1xHCnHQ8

http://www.youtube.com/watch?v=sqH58IF9DEY&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=wtgJFRkORb8&feature=fvwrel

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