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domenica 22 agosto 2010

Mário Quintana


Mario por ele mesmo


Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.

Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?

Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Verissimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.

(Texto escrito pelo poeta para a revista IstoÉ de 14/11/1984)

Centenário

Durante todo o ano de 2006, a vida e obra de Mario Quintana serão lembradas em uma extensa programação de eventos culturais, marcando os 100 anos de nascimento do poeta. O "Ano do Centenário de Mario Quintana" foi instituído pelo Governo do Estado, através do Decreto n.º 43.810, de 24 de maio de 2005.

A lei também institui uma Comissão responsável pela promoção dos eventos. Presidida pelo governador Germano Rigotto, ela é integrada pelo vice-governador Antonio Hohlfeldt, pelos secretários de Cultura e da Educação e pelos diretores da Casa de Cultura Mario Quintana e do Instituto Estadual do Livro, além de representantes da Uergs, PUC e Prefeitura de Porto Alegre.


http://www.estado.rs.gov.br/marioquintana

Mário Quintana
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Mário de Miranda Quintana[1] (Alegrete, 30 de julho de 1906 — Porto Alegre, 5 de maio de 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.


Biografia

Quintana quando criança.Mario Quintana era filho de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda, fez as primeiras letras em sua cidade natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou para a Editora Globo, quando esta ainda era uma instituição eminentemente gaúcha, e depois na farmácia paterna.

Considerado o "poeta das coisas simples", com um estilo marcado pela ironia, pela profundidade e pela perfeição técnica, ele trabalhou como jornalista quase toda a sua vida. Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal, entre elas Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, Mrs Dalloway de Virginia Woolf, e Palavras e Sangue, de Giovanni Papini.

Em 1953, Quintana trabalhou no jornal Correio do Povo, como colunista da página de cultura, que saía aos sábados, e em 1977 saiu do jornal.

Em 1940, ele lançou o seu primeiro livro de poesias, A Rua dos Cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966, foi publicada a sua Antologia Poética, com sessenta poemas, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, e lançada para comemorar seus sessenta anos de idade, sendo por esta razão o poeta saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recita o poema Quintanares, de sua autoria, em homenagem ao colega gaúcho. No mesmo ano ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores de melhor livro do ano. Em 1976, ao completar setenta anos, recebeu a medalha Negrinho do Pastoreio do governo do estado do Rio Grande do Sul. Em 1980 recebeu o prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra.


Vida pessoal

A Casa de Cultura Mario Quintana, antigo Hotel Majestic.Mario Quintana viveu grande parte da vida em hotéis: de 1968 a 1980, residiu no Hotel Majestic, no centro histórico de Porto Alegre, de onde foi despejado quando o jornal Correio do Povo encerrou temporariamente suas atividades, por problemas financeiros[2] e Quintana, sem salário, deixou de pagar o aluguel do quarto.[3]. Na ocasião, o comentarista esportivo e ex-jogador da seleção Paulo Roberto Falcão cedeu a ele um dos quartos do Hotel Royal, de sua propriedade. A uma amiga que achou pequeno o quarto, Quintana disse: "Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas".[4]

Essa mesma amiga, contratada para registrar em fotografia os oitenta anos de Quintana, conseguiu um apartamento no Porto Alegre Residence, um apart-hotel no centro de Porto Alegre, onde o poeta viveu até sua morte. Ao conhecer o espaço, ele se encantou: "Tem até cozinha!".[4]

Em 1982, o prédio do Hotel Majestic, que fora considerado um marco arquitetônico de Porto Alegre, foi tombado. Em 1983, atendendo a pedidos dos fãs gaúchos do poeta, o governo estadual do Rio Grande do Sul adquiriu o imóvel e transformou-o em centro cultural, batizado como Casa de Cultura Mario Quintana. O quarto do poeta foi reconstruído em uma de suas salas, sob orientação da sobrinha-neta Elena Quintana, que foi secretária dele de 1979 a 1994, quando ele faleceu.[5]

Segundo Mário, em entrevista dada a Edla Van Steen em 1979, seu nome foi registrado sem acento. Assim ele o usou por toda a vida.[6]

Em 2006, no centenário de seu nascimento, várias comemorações foram realizadas no estado do Rio Grande do Sul em sua homenagem.

Mário Quintana não se casou nem tinha filhos.


Relações com a ABL
O poeta tentou por três vezes uma vaga à Academia Brasileira de Letras, mas em nenhuma das ocasiões foi eleito; as razões eleitorais da instituição não lhe permitiram alcançar os vinte votos necessários para ter direito a uma cadeira. Ao ser convidado a candidatar-se uma quarta vez, e mesmo com a promessa de unanimidade em torno de seu nome, o poeta recusou[7].

Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro.

— Mário Quintana
Se Mário Quintana estivesse na ABL, não mudaria sua vida ou sua obra. Mas não estando lá, é um prejuízo para a própria Academia.

— Luís Fernando Veríssimo
Não ter sido um dos imortais da Academia Brasileira de Letras é algo que até mesmo revolta a maioria dos fãs do grande escritor, a meu ver, títulos são apenas títulos, e acredito que o maior de todos os reconhecimentos ele recebeu: o carinho e o amor do povo brasileiro por sua poesia e pelo grande poeta e ser humano que ele foi...

— Cícero Sandroni


Obras

Obra poética
A Rua dos Cataventos - Porto Alegre, Editora do Globo, 1940
Canções - Porto Alegre, Editora do Globo, 1946
Sapato Florido - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
O Aprendiz de Feiticeiro - Porto Alegre, Editora Fronteira, 1950
Espelho Mágico - Porto Alegre, Editora do Globo, 1951
Inéditos e Esparsos - Alegrete, Cadernos do Extremo Sul, 1953
Poesias - Porto Alegre, Editora do Globo, 1962
Caderno H - Porto Alegre, Editora do Globo, 1973
Apontamentos de História Sobrenatural - Porto Alegre, Editora do Globo / Instituto Estadual do Livro, 1976
Quintanares- Porto Alegre, Editora do Globo, 1976
A Vaca e o Hipogrifo - Porto Alegre, Garatuja, 1977
Esconderijos do Tempo - Porto Alegre, L&PM, 1980
Baú de Espantos - Porto Alegre - Editora do Globo, 1986
Preparativos de Viagem - Rio de Janeiro - Editora Globo, 1987
Da Preguiça como Método de Trabalho - Rio de Janeiro, Editora Globo, 1987
Porta Giratória - São Paulo, Editora Globo, 1988
A Cor do Invisível - São Paulo, Editora Globo, 1989
Velório Sem Defunto - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990
Água - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2001
[editar] Livros infantis
O Batalhão das Letras - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
Pé de Pilão - Petrópolis, Editora Vozes, 1968
Lili inventa o Mundo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1983
Nariz de Vidro - São Paulo, Editora Moderna, 1984
O Sapo Amarelo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1984
Sapato Furado - São Paulo, FTD Editora, 1994

Antologias
Nova Antologia Poética - Rio de Janeiro, Ed. do Autor, 1966
Prosa & Verso - Porto Alegre, Editora do Globo, 1978
Chew me up Slowly (Caderno H) - Porto Alegre, Editora do Globo / Riocell, 1978
Na Volta da Esquina - Porto Alegre, L&PM, 1979
Objetos Perdidos y Otros Poemas - Buenos Aires, Calicanto, 1979
Nova Antologia Poética - Rio de Janeiro, Codecri, 1981
Literatura Comentada - Editora Abril, Seleção e Organização Regina Zilberman, 1982
Os Melhores Poemas de Mário Quintana (seleção e introdução de Fausto Cunha)- São Paulo, Editora Global, 1983
Primavera Cruza o Rio - Porto Alegre, Editora do Globo, 1985
80 anos de Poesia - São Paulo, Editora Globo, 1986
Trinta Poemas - Porto Alegre, Coordenação do Livro e Literatura da SMC, 1990
Ora Bolas - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 1994
Antologia Poética - Porto Alegre, L&PM, 1997
Mario Quintana, Poesia Completa - Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2005
[editar] Traduções
Dentre os diversos livros que traduziu para a Livraria do Globo (Porto Alegre) estão alguns volumes do Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust (talvez seu trabalho de tradução mais reconhecido até hoje), Honoré de Balzac, Voltaire, Virginia Woolf, Graham Greene, Giovanni Papini e Charles Morgan. Além disso, estima-se que Quintana tenha traduzido um sem-número de histórias românticas e contos policiais, sem receber créditos por isso - uma prática comum à época em que atuou na Globo, de 1934 a 1955.

Homenagens
O Manuel Bandeira dedicou-lhe um poema, onde se lê:

Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!
O pajador Jayme Caetano Braun, dedicou ao poeta a Payada a Mario Quintana, segue abaixo um trecho da poesia:

Entre os bem-aventurados
Dos quais fala o evangelho,
Eu vejo no mundo velho
Os poetas predestinados,
Eles que foram tocados
Pela graça soberana,
Mas a verdade pampeana
Desta minh’alma irrequieta,
É que poeta nasce poeta
E poeta é o Mario Quintana!
Em Pelotas, há uma escola que recebera o mesmo nome do poeta em sua homenagem.

Prêmio Jabuti
Em 1981 recebeu o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano.

http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana










Certezas
Não quero alguém que morra de amor por mim…
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…
E que esse momento será inesquecível..
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons
sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente
importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca
cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter
forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia,
e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,
talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…
Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder
dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros…
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas,
que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…
e que valeu a pena.

Mário Quintana

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